Nullius: Revista de pensamiento crítico en el ámbito del Derecho
e-ISSN 2737-6125
Publicación semestral. Edición continua. Año 2021, Vol. 2, No 1. pp. 63-83. (enero-junio, 2021).
ampliando o espaço de acolhida de novos conhecimentos tornando-o o mais inclusivo
possível, reconhecendo os demais saberes e abandonando qualquer pretensão de um saber
privilegiado.
O Bem Viver é uma filosofia de vida que abre as portas para a construção de um projeto
emancipador. Um projeto que, ao haver somado histórias de lutas, de resistência e de
propostas de mudança, e ao nutrir-se de experiências locais, às que deverão somar-se
contribuições provenientes de diversas latitudes, posiciona-se como ponto de partida
para estabelecer democraticamente sociedades sustentáveis (ACOSTA, 2016, p. 40).
O paradigma comunitário do Bem Viver é complexo, pois significa fazer uma
releitura do passado. Não se trata de uma leitura utópica, mas, de pensá-lo como fonte
que respalda a contínua produção do presente e a garantia de um possível futuro digno. O
Bem Viver não visa à ruptura, mas sim, a retomada de um horizonte, ou seja, a aliança
pela preservação da vida no planeta Terra, priorizando a democratização do acesso aos
recursos naturais, como a água, a terra e o conhecimento.
3
Bem

viver

como

referência

de

Trabalho

Decente:

da

previsão

constitucional

à
referência para o mundo
Foi a partir da conquista da América Latina, que a Europa passou a se diferenciar
dos demais continentes e tomou a posição de centro do mundo, tornando-se padrão de
referência, seja pelo idioma, pelo conhecimento, pelos costumes. Cumpre frisar, contudo,
que
a

riqueza e

o

conhecimento

dos

povos

dominados,

fizeram

com

que

os

europeus
disparassem em inovações tecnológicas e, por consequência, o domínio dos mercados
mundiais. Por isso, surge a ideia de especificidade do Velho Continente, que nenhum
lugar possuía e que a Europa passou a expressar com uma certa universalidade.
O postulado eurocêntrico assentou raízes profundas nas mais diversas áreas do
conhecimento.
Especificamente

sobre

a

América

Latina,

apesar

dos

movimentos
descolonizadores, sua força é latente, pois foram pelo menos três séculos de colonialismo
consolidando estruturas mentais, mecanismos econômicos, sociais e culturais. A lógica
do capitalismo, que se encontra em crise, promove a maximização da produtividade que
visa maior produção ao menor custo, o consumo desenfreado às custas do meio ambiente,
as altas taxas de desemprego, a exploração dos trabalhadores, a precarização do trabalho,
os
altos

índices

de

jovens

intelectualizados

e

desempregados,

por

fim,

o

mundo

do