Nullius: Revista de pensamiento crítico en el ámbito del Derecho

e-ISSN 2737-6125
Joana Stelzer & Lucilaine Ignacio da Silva
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O
reconhecimento

do

Bem

Viver

para

(re)significação

do

Trabalho

Decente
acentua o primado da pessoa humana no processo de produção e em relação às coisas que
envolvem o conceito de capital. Trata-se de valorizar a pessoa humana e não o trabalho
enquanto objeto, mera artificialidade. Com efeito, independentemente do trabalho que
desenvolve
é

a

pessoa

que

possui

seu

valor

vital

e

originário,

não

devendo

esse

se
confundir com o valor de utilidade que é derivado da produção realizada pelo indivíduo.
Percebe-se
nessa

relação

indivíduo-produção,

uma

inversão

da

hierarquia
valorativa na moral moderna, ou seja, há uma inversão que insinua a subordinação dos
valores vitais aos valores de utilidade que advém desde a conquista das sociedades mais
remotas pelos europeus e que findou por ascender na burguesia a partir do século XIII.
O Bem Viver ao objetivar a relação harmoniosa entre pessoa humana e natureza,
insere o trabalho como o meio adequado de convergir o respeito pela diversidade, pois é
a
partir

desse

que

se

faz

possível

a

inter-relação

de

pessoas,

grupos

sociais

e

meio
ambiente. É pelo sistema redistributivo e pela reciprocidade que o Bem Viver movimenta
a força de trabalho e é nesse sentido que o Trabalho Decente precisa ser concebido, uma
vez que o mundo centrado na pessoa, na comunidade, no trabalho e na partilha pode ser
o caminho para possíveis soluções aos impasses vividos pela humanidade.
Referências
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ROJAS, M. (Coord.). La medición del progreso y bienestar: propuestas desde América
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ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução de
Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante, 2016.
ALBÓ, Xavier. Suma qamaña = el buen convivir. Revista Obets, Alicante, n. 4, 2009, pp. 25-
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universidad-de-alicante.pdf Acesso em: 10/10/20.