Nullius: Revista de pensamiento crítico en el ámbito del Derecho

e-ISSN 2737-6125
Joana Stelzer & Lucilaine Ignacio da Silva
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complementaridade na busca por construir o diverso. A complementaridade intrínseca do
Bem Viver estabelece o diálogo e potencializa alternativas outras para a construção de
uma sociedade equilibrada.
Existe
uma

tensão

para

se

estabelecer

o

caráter

universal

ou

individual

da
dignidade
da

pessoa

humana,

porém,

o

Trabalho

Decente

e

o

Bem

Viver

juntos,
estabelecem
o

elo

de

mediação,

ou

seja,

de

equilíbrio,

no

qual

saberes

ancestrais

e
dignidade da pessoa humana coligados, cultivam de forma positiva o que se recebe da
natureza e do trabalho.
Nesse
sentido,

o

Bem

Viver

como

fundamento

ético

confere

ao

Trabalho
Decente parâmetros para o seu aperfeiçoamento como reconhecimento, relacionalidade e
reciprocidade visando à construção de matriz comunitária que se completa com o Outro
e com a natureza, um novo paradigma, cuja proposta seja o Viver Bem em oposição ao
Viver Melhor.
A
América

Latina,

na

sua

diversidade,

apresenta

paradigmas

alternativos

de
legitimidade para se repensar o passado e projetar o futuro. Colonizada pelos europeus,
teve sua cultura e conhecimento sonegados, mas, nem por isso precisam continuar no
anonimato. Sabe-se da engenhosidade dos povos pré-colombianos no que tange a seu
intelecto nas mais variadas áreas do conhecimento, assim como a sabedoria acerca da
própria natureza. Eram povos socialmente organizados e no trabalho, especificamente,
desempenhavam atividades pautadas na hierarquia, na disciplina, na força de trabalho,
mas, sobretudo fundadas nos valores de sua ancestralidade.
A
civilização

moderna,

tal

como

se

encontra,

vive

uma

crise

global

na

qual
econômico, político, ambiental e social não escapam às suas consequências, pois estão
conectados. O trabalho por exemplo, é ponto de intersecção com tais esferas e, é por meio
dele que se vislumbra a possibilidade de transformação, apesar de que o mesmo carece
de fundamentos para sua consolidação, principalmente para uma que vise a dignidade do
trabalhador.
[...]
a

humanidade

(juntamente

com

toda

a

vida

orgânica

da

Terra)

enfrenta

agora

a
maior ameaça à nossa sobrevivência coletiva na nossa breve história cósmica: a ameaça
de mudança climática, destruição do ozônio, e outras degradações causadas pelo homem
(sic) na capacidade da Terra para sustentar a vida (GEORGE, 1998, p. 175).