Nullius: Revista de pensamiento crítico en el ámbito del Derecho
e-ISSN 2737-6125
Publicación semestral. Edición continua. Año 2021, Vol. 2, No 1. pp. 63-83. (enero-junio, 2021).
Proveniente dos povos originários, o Bem Viver ou Buen Vivir, é um conceito
plural e universal que advém da cosmologia e do modo de vida ameríndio. Na Bolívia,
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a expressão é Suma Qamaña do povo indígena Aymara. No Equador, Sumak Kawsay ,
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originário
presente, de forma análoga, nas mais diversas culturas, conforme expõe Acosta (2016):
Está entre nós, no Brasil, com o
teko porã dos guaranis. Também está na ética e na
filosofia africana do ubuntu – ‘eu sou porque nós somos’. Está no ecossocialismo, em
sua busca por ressignificar o socialismo centralista e produtivista do século 20. Está no
fazer
minga ou mika andina. Está presente na roda de samba, na roda de capoeira, no jongo,
nas
Francisco
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original).
Trata-se de um paradigma comunitário, cuja forma de viver se sustenta numa
prática cotidiana de respeito, harmonia e equilíbrio com tudo que existe, ou seja, tudo na
vida está interconectado e interrelacionado. É um conceito que convida a assumir outros
saberes e outras práticas. Conforme dispõe Acosta (2008, p. 34), “O Bem Viver constitui
uma categoria central da filosofia de vida das sociedades indígenas”, e nesse sentido,
Zambam
representa
estabelecimento
de
modos
responsáveis
de
mitigação
das
desigualdades,
o
aperfeiçoamento humano e o respeito à natureza.
Conceber o Bem Viver como um paradigma comunitário implica compreendê-
lo sob uma concepção cosmogônica comunitária, ou seja, desde a sua origem. Assim, no
que se refere às nações indígenas originárias, a considerar desde o Norte até o Sul da
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Para Gudynas (2011), como conceito plural refere-se a ‘Bons Viveres’ que adotam diferentes formulações
em cada contexto social e ambiental.
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[...] Agora também, o termo de ‘suma qamaña’ se traduz como ‘viver bem’, mas não explica a magnitude
do
aymara, ‘del jaya mara aru’ ou ‘jaqi aru’, ‘suma qamaña’ se traduz da seguinte forma: Suma: plenitude,
sublime,
tradução
‘viver bem’ (Huanacuni-Mamani, 2010, p. 13, tradução própria).
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[...] Por outro lado, a tradução do kichwa ou quechua, (runa simi), é a seguinte: Sumak: plenitude, sublime,
excelente, magnífico, formoso (a), superior. Kawsay: vida, ser estando, estar sendo. Vemos que a tradução
é a mesma que em aymara: ‘vida em plenitude’” (Huanacuni-Mamani, 2010, p. 13, tradução própria).
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Ressalta-se da citação que, os termos Teko porã é a tradução literal em guarani da expressão kíchwa sumak
kawsay, sendo que, Teko se refere à vida e à existência em comunidade; porã pode ser traduzido como
belo, bonito, bom. Minga ou mika andina significa Trabalho comunitário.