Reprodução e larvicultura de Holothuria grisea Selenka, 1867 (Holothuroidea: Aspidochirotida) em laboratório: resultados iniciais no sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33936/at.v3i3.4147Resumen
A produção de formas jovens em laboratório é uma etapa fundamental para a implantação e desenvolvimento da aquicultura de pepinos-do-mar. No Brasil, poucos estudos nesse sentido foram realizados, sendo Holothuria grisea considerado o holoturoide com maior potencial para cultivo. Esta tem ocorrência no litoral brasileiro, até Santa Catarina, seu limite sul de distribuição. O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de técnicas para indução à desova e cultivo de larvas de H. grisea, registrando-se seu crescimento, sobrevivência e desenvolvimento. Adultos foram coletados em substrato areno-rochoso na zona entremarés, na Armação do Itapocoroy, Penha, SC, Brasil em fevereiro de 2021. Após determinação do índice gonádico dos reprodutores, foram realizadas indução à desova e fertilização dos ovócitos. As larviculturas foram realizadas em sistema estático, com trocas de água diárias, e foram testados dois métodos: um com troca de água completa e outro com renovação parcial (80%), onde as larvas eram mantidas nas unidades de cultivo. O índice gonádico dos reprodutores apresentou-se baixo (0,85%). Dois exemplares responderam aos estímulos de indução, sendo uma fêmea, que liberou 150.000 ovócitos (135,8µm). Após 48 horas, verificou-se 23,3% de recuperação de larvas auriculárias iniciais (375,5µm). Decorridos 20 dias de experimento, foram observadas larvas auriculárias finais com comprimento médio de 876,8µm (±65,5) e a sobrevivência final foi de 0,51% (±0,04) no tratamento com troca total de água. Já no outro tratamento não houve larvas sobreviventes ao final do experimento. Com este primeiro ensaio de reprodução e larvicultura de H. grisea em seu limite sul de distribuição conclui-se que há possibilidade de induzir a desova e cultivar larvas de H. grisea utilizando técnicas empregadas para outros holoturoides, mesmo com baixo índice gonádico dos reprodutores. Torna-se necessário o prosseguimento de estudos para melhor compreensão do ciclo reprodutivo de H. grisea e determinar protocolos de cultivo adequados para esta espécie.
Descargas
Citas
Asha P.S., Muthiah P. (2005). Effects of temperature, salinity and pH on larval growth, survival and development of the sea cucumber Holothuria spinifera Theel. Aquaculture, 250(3–4):823–829. https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2005.04.075
Bueno M.L., Tavares Y.A.G., di Domenico M., Borges M. (2015). Gametogenesis and weight change of body organs of the sea cucumber Holothuria (Halodeima) grisea (Aspidochirotida: Holothuriidae) in Southern Brazil. Revista de Biologia Tropical, 63:285–296. https://doi.org/10.15517/rbt.v63i2.23163
Conand C. (2017). Expansion of global sea cucumber fisheries buoys exports. Revista de Biología Tropical, 65:(S1–S10). https://doi.org/10.15517/rbt.v65i1-1.31661
Gamboa R.U., Aurelio R.M., Ganad D.A., Concepcion L.B., Abreo N.A.S. (2012). Small-scale hatcheries and simple technologies for sandfish (Holothuria scabra) production. In: Hair C.A., Pickering T.D., Mills D.J. (eds). Asia-Pacific Tropical Sea Cucumber Aquaculture, Australian Centre for International Agricultural Research. Canberra, ACIAR Proceedings, 136:63–74.
Hopper D.R., Hunter C.L., Richmond R.H. (1998). Sexual reproduction of the tropical sea cucumber, Actinopyga mauritiana (Echinodermata: Holothuroidea), in Guam. Bulletin of Marine Science, 63(1):1–9.
Huang W., Huo D., Yu Z., Ren C., Jiang X., Luo P., Chen T., Hu, C. (2018). Spawning, larval development and juvenile growth of the tropical sea cucumber Holothuria leucospilota. Aquaculture, 488:22–29. https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2018.01.013
Laguerre H., Raymond G., Plan P., Améziane N., Bailly X., Le Chevalier P. (2020). First description of embryonic and larval development, juvenile growth of the black sea-cucumber Holothuria forskali (Echinodermata: Holothuroidea), a new species for aquaculture in the north-eastern Atlantic. Aquaculture, 521(May 2019). https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2020.734961
Laxminarayana A. (2005). Induced spawning and larval rearing of the sea cucumbers, Bohadschia marmorata and Holothuria atra in Mauritius. SPC Beche-de-mer Information Bulletin, 22:48–52.
Leite-Castro L., Souza Junior J., Salmito-Vanderley C.S.B. Nunes J.F., Hamel J.F., Mercier A. (2016). Reproductive biology of the sea cucumber Holothuria grisea in Brazil: importance of social and environmental factors in breeding coordination. Marine Biology, 163(3). https://doi.org/10.1007/s00227-016-2842-x
Li L., Li Q. (2010). Effects of stocking density, temperature, and salinity on larval survival and growth of the red race of the sea cucumber Apostichopus japonicus (Selenka). Aquaculture International, 18(3):447–460. https://doi.org/10.1007/s10499-009-9256-4
Marques D.F. (2016). Crescimento, sobrevivência e desenvolvimento larval do pepino do mar Holothuria grisea: Alimentação com diferentes microalgas. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, Ceará. 70pp.
Martins L.R. (2012). Estudo taxonômico dos Holothuroidea (Echinodermata) de águas rasas da costa Brasileira. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Bahia. Salvador, Bahia. 120pp.
Mercier A., Ycasa H.R., Espinoza, R., Haro V.M., Hamel J.F. (2012). Hatchery experience and useful lessons from Isostichopus fuscus in Ecuador and Mexico. In: Hair C.A., Pickering T.D., Mills D.J. (eds.). Asia-Pacific Tropical Sea Cucumber Aquaculture, Australian Centre for International Agricultural Research. Canberra, ACIAR Proceedings, 136:79–90.
Morgan A.D. (2001). The effect of food availability on early growth, development and survival of the sea cucumber Holothuria scabra (Echinodermata: Holothuroidea). SPC Beche-de-Mer Information Bulletin, 14:6–12.
Ponte I.A.R., Feitosa, C.V. (2019). Evaluation of an unreported and unregulated sea cucumber fishery in eastern Brazil. Ocean and Coastal Management, 167:1–8. https://doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2018.09.016
Purcell, S.W., Conand, C., Uthicke, S., Byrne, M. (2016). Ecological Roles of Exploited Sea Cucumbers. In: Hughes, R.N., Hughes, D.J., Smith I.P., Dale, A.C. (eds). Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rev. 54:367–386.
Purcell S.W., Hair C.A., Mills D.J. (2012). Sea cucumber culture, farming and sea ranching in the tropics: Progress, problems and opportunities. Aquaculture, 368–369:68–81. https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2012.08.053
Purcell S.W., Mercier A., Conand C., Hamel J.F., Toral-Granda M.V., Lovatelli A., Uthicke S. (2013). Sea cucumber fisheries: Global analysis of stocks, management measures and drivers of overfishing. Fish and Fisheries, 14(1):34–59. https://doi.org/10.1111/j.1467-2979.2011.00443.x
Purcell S.W., Williamson D.H., Ngaluafe P. (2018). Chinese market prices of beche-de-mer: Implications for fisheries and aquaculture. Marine Policy, 91:58–65. https://doi.org/10.1016/j.marpol.2018.02.005
Rakaj A., Fianchini A., Boncagni P., Lovatelli A., Scardi M., Cataudella S. (2018). Spawning and rearing of Holothuria tubulosa: A new candidate for aquaculture in the Mediterranean region. Aquaculture Research, 49(1):557–568. https://doi.org/10.1111/are.13487
Rakaj A., Fianchini A., Boncagni P., Scardi M., Cataudella, S. (2019). Artificial reproduction of Holothuria polii: A new candidate for aquaculture. Aquaculture, 498:444–453. https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2018.08.060
Renbo W., Yuan C. (2004). Breeding and culture of the sea cucumber, Apostichopus japonicus, Liao. FAO Fisheries Technical Paper, 463:277–286.
Rupp G.S., Marenzi A.C. (2021). Holotúrias do litoral de Santa Catarina (Brasil): captura ilegal e potencial para a aquicultura. In: De Donato M., González-Henríquez N., Rey-Méndez M., Baltazar-Guerrero P.M., Sonnenholzner-Varas J., Alió Mingo J.J., Lodeiros C. (eds). Proceedings Foro Iberoam. Rec. Mar. Acui. 10:607–618.
Shi S., Feng W., Hu S., Liang S., An N., Mao Y. (2016). Bioactive compounds of sea cucumbers and their therapeutic effects. Chinese Journal of Oceanology and Limnology, 34(3):549–558. https://doi.org/10.1007/s00343-016-4334-8
Sokal, R.R., Rohlf, F.J. (1995). Biometry: The principles and Practices of Statistics in Biological Research. W. H. Freeman and Co., New York, USA. 887pp.
Sonnenholzner-Varas J.J. (2021). ¿Hacia dónde va la acuicultura de equinodermos en América Latina? Potencial, retos y oportunidades. Revista de Biología Tropical, 69(Suppl.1):514–549. https://doi.org/10.15517/rbt.v69isuppl.1.46393
Souza Junior J., Ponte I.A.R, Melo Coe C., Lobo Farias W.R., Vieira Feitosa C., Hamel J.-F., Mercier, A. (2017). Sea cucumber fisheries in Northeast Brazil. SPC Beche-de-Mer Information Bulletin, 37:43–47.
Toral-Granda V., Lovatelli A., Vasconcellos M. (2008). Sea cucumbers. A global review of fishery and trade. FAO Fisheries Technical Paper, 516. 317pp.
Vidolin D., Gouvea I.A.S., Freire C.A. (2002). Estabilidade osmótica dos fluídos celômicos de um pepino do mar (Holothuria grisea) e de uma estrela-do-mar (Asterina stellifera) (Echinodermata) expostos ao ar durante a maré baixa: um estudo de campo. Acta Biológica Paranaense, 31:113–121. https://doi.org/10.5380/abpr.v31i0.611
Zacarías-Soto M., Olvera-Novoa M.A., Pensamiento-Villarauz S., Sánchez-Tapia, I. (2013). Spawning and larval development of the four-sided sea cucumber, Isostichopus badionotus (Selenka 1867), under controlled conditions. Journal of the World Aquaculture Society, 44(5):694–705. https://doi.org/10.1111/jwas.12061


